quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Não há razão pra escrever.

Olhe, não fique assim, não. Vai passar. Eu sei como dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar pra se estar. (Fernando Pessoa escreveu, num momento parecido, “hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu”). Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores e a vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás.[...]

Você sentiu que eu fui arrancada de você, que deixei você cedo demais. Havia uma razão pra tudo isso. Eu estava bem aqui e você me amou mesmo assim. Amor perdido ainda é amor. Assume uma forma diferente, só isso. Você não pode tocar as mãos, não pode mexer no cabelo, mas quando essas sensações desaparecem, outras ganham vida em memória. A memória se torna seu parceiro. Você à abraça, você dança com ela. A vida tem que terminar, o amor não.

Um comentário:

  1. 'Amar é se dispor a sofrer por tudo e por nada.'


    Ui ui ui, além de gata, música, é uma menina dotada de letras.
    Sabendo fazer capuccino, você tem um casamento (y)

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