quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Conflito

Tenho medo das águas do destino
a invadirem o que penso e faço,
numa linha de infinda contradição.
Eu sou assim: quero fugir mas chamo,
quero ficar mas me assusta não ter em mim nada seguro e certo.
Nunca receio a alegria,
para a qual todos os milagres são normais.
Mas quando tarda quem amo,
meu coração fica exposto e aberto.
E mesmo assim eu persisto,
e ainda assim espero ainda,
como criança sozinha atrás do muro.
(Lya Luft)

domingo, 16 de agosto de 2009

Não há ninguém aqui, pra você provar que existe.

"E talvez você estranhe ao me ouvir.
Não costumo me comunicar assim.
Mas preste atenção quando a chuva cair,
você vai me ver!
Já tentei ser mais do que eu sempre fui, mas esqueci que é impossível crescer pois todo sangue que nas minhas veias flui, ainda não conseguiu aquecer meu coração.
Inabalável, não há como fazer você parar pra pensar como eu tenho agido nos últimos dias, em que eu lhe vi?"
Stonehenge

[1] -
Eu sempre tentei fazer as coisas da maneira correta, sem machucar ninguém. Mas é complicado quando todas as coisas se movem para cima de você e você não tem mais pra onde correr. “Correr” no sentido de buscar novas saídas, não fugir para não enfrentar uma situação pavorosa. Mas é como se eu não conseguisse fazer nada certo, por mais que seja isso que eu quero.

Como se define o que será certo ou o que será errado?
Somos movidos pelas perguntas, aprendemos com as respostas erradas e levantamos para seguir outro caminho quando já sabemos a resposta certa.

[2] - Eu preciso de alguém que me revire do avesso, me decifre. Que enquanto eu pensar fazer, já esteja pronto. Não penso em alguém perfeito, tão pouco totalmente diferente de mim. Quero alguém que pense já ter amado, pra que eu possa desfazer todas as projeções já certas sobre o amor e mostrar que você pode amar ainda mais. E quero que esse alguém mude isso em mim também. Quero aprender a desfazer o pensamento que o amor maior do mundo já foi sentido por mim antes. Quero mostrar e, sobretudo, me doar, dizer que posso amar muito mais do que um dia imaginei.

Sabe quando você abre seu coração? Existe aquela sensação de liberdade. Sentir-se livre, deixar um novo alguém tomar conta do teu coração. E sentir-se livre em saber que pode voar o mais alto porque a liberdade está em ti.

Queria me sentir livre agora. Livrar de dentro de mim as mágoas passadas-recentes, porque as mágoas muito antigas eu já desfiz e não carrego mais comigo. Tantas mil vezes eu já acreditei que “outro tempo começou pra mim agora”, mas não consigo sair do primeiro passo e partir para o próximo. Insegurança, talvez.

Eu preciso de alguém que me bata na cara. Que me faça acreditar que eu conseguirei seguir adiante. Que estou caminhando por minhas próprias pernas em busca de algo que sempre esteve em mim, no meu sorriso. Alguém que me empurre quando parar no caminho. Que eu tenha que puxar, quando estiver cansado de mais para me carregar.

[3] – Cruzou pelo meu caminho, há certo tempo atrás, o meu alguém ideal. Talvez ele não tenha chegado em uma boa hora. Ou talvez tenha chegado na hora exata, eu só ainda não abri os olhos quanto a isso.

Escolher quem amar é besteira. Você consegue mandar em teu coração? Consegue parar no auge do êxtase? Consegue dizer “não” quando você quer dizer “sim”?

Esse capítulo não termina assim. Eu nem ao menos comecei a sentir pra poder me despedir de você. Deixa o tempo afastar nós dois. Este mesmo tempo nos reaproximará depois. Mas não me deixe só. Eu preciso de você aqui, comigo, esta noite.
(...)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Sem título

"De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou".
William Shakespeare

Queria saber decodificar meus pensamentos, simplificando-lhes em um só termo: ou amor, ou dor, ou saudade, ou ilusão... Mas, eles são um pouco de tudo e nada ao mesmo tempo. "Tudo", por eu possuir um respingo de cada um dos sentimentos possíveis de serem sentidos entrelaçados em meu peito. E "nada" porque todos esses sentimentos não me dizem algo concreto. Eu não consigo mais escrever. Talvez porque todas as palavras possíveis de serem ditas, eu já usei com você. Mas existem palavras que eu nem sonho que existam que talvez nos digam muito mais. Algumas coisas eu não posso afirmar na vida, porque precisaria de certeza. Mas isso que pretendo dizer aqui, eu afirmo e aposto o sangue que corre em minhas veias a plena certeza. Certos sentimentos podem ser sentidos múltiplas vezes na vida de alguém. O que difere de uma situação a outra é a intensidade com que ele se manifesta. Não sabemos colocar um limite e muito menos dizer que "eu amo acima de tudo". O que seria 'tudo'? Mas a gente sabe, mesmo que não conseguimos expressar em palavras, que esse tal amor é infinitamente grande. Eu não conseguiria, nem mesmo se quisesse amar alguém tanto quanto amo você. E, isso que eu acabo de afirmar agora, será dito apenas nesse instante da minha vida, apenas pra você. Eu posso amar um, dois, três, até meu último dia de vida. Mas jamais como eu amo você. Você foi/é desses amores que carregamos consumindo a maior porção do coração e não podemos esconder isso de nós mesmos, criando situações que camuflem a verdade, mas devemos aceitar que nosso amor foi e será pra sempre nosso amor. Tem ideia de quantas coisas escrevi pra você, quantas esperanças depositadas sobre linhas, quantas formas de expressar o que sentia eu consegui criar, quantos pensamentos sobre nós dois eu tenho hoje, quantas lembranças detalhadas de quando estivemos juntos eu guardo na minha memória, o quanto eu ainda me atormento com isso? Amor perdido ainda é amor. Mesmo depois de milhões de despedidas, algumas nem ditas, mas o silêncio nos dizia pra não nos procurarmos mais; mesmo depois de fugas, promessas não cumpridas, esperanças quebradas, desabafos de ‘eu não quero mais, cansei’, conflitos internos, abalos e decepções, a maldita distância. Ainda sentimos a mesma coisa, o mesmo amor. Apenas não com a mesma dedicação. No meu vocabulário não existe “eu não amo mais você” destinado a ti. Eu não sei descrever meu amor, não sei decifrar você, não sei não sentir algo sobre você. Mas sei que distância alguma consegue ultrapassar um sentimento, tamanho algum consegue medi-lo, palavra nenhuma consegue possuir todas as palavras que significam meu amor por ti, e, além disso tudo, o principal: ninguém conseguira amar você, depositar um amor sobre você, como eu fiz.

"Se o chão se abrir e você sentir que já não tem mais forças
Confie e acredite, sempre um pouco mais
Se existe o caos e a dor, também existe a fé e a esperança
Em algo maior, algo melhor
Não é felicidade, amor, carinho e sim viver e aceitar que pra cada
Dia ou pensamento que ferir seu coração, vai existir a recompensa
Por tudo o que você passou e pra cada sonho que perdeu, encontrará
Um novo sonho inteiro ao seu dispor".

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Não há razão pra escrever.

Olhe, não fique assim, não. Vai passar. Eu sei como dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar pra se estar. (Fernando Pessoa escreveu, num momento parecido, “hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu”). Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores e a vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás.[...]

Você sentiu que eu fui arrancada de você, que deixei você cedo demais. Havia uma razão pra tudo isso. Eu estava bem aqui e você me amou mesmo assim. Amor perdido ainda é amor. Assume uma forma diferente, só isso. Você não pode tocar as mãos, não pode mexer no cabelo, mas quando essas sensações desaparecem, outras ganham vida em memória. A memória se torna seu parceiro. Você à abraça, você dança com ela. A vida tem que terminar, o amor não.