quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Receio

Rodeada de imperfeições, eu temo. Temo ser acrescentada por essências negativas, dessas que destroem a alma. Tão belas na sua imperfeição que te seduzem até você fazer parte desta imperfeição também. Sem perceber, você é agarrado pela mão. Mergulha em um caminho escuro. Você não sabe que faz parte disso, até você sentir na pele. Até você estar fazendo o mesmo. Já não consigo não ver a maldade nas coisas. Já não consigo não temer as pessoas que se aproximam. São várias faces em um único semblante. E como aceitar quando existe alguém ao seu lado por tempos e se revela ser completamente diferente de quem você imaginava ser? Ah, o ser humano. Perdeu sua essência, perdeu seus valores. E quando eu digo que “não fazem mais amigos como antigamente”, passo por insana. Prefiro ser julgada insana, expondo o que sinto em meu coração dilacerado a ser mais um a ter várias faces.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Palavras

Não sei, exatamente, o que assombra teu coração. Jogo limpo ao especular terceiros e tentar desvendar seu sorriso misterioso e tuas poucas palavras, às vezes vazias demais para dizer algo concreto. Essa minha mania boba de deixar que estranhos tomem conta de mim, me aborrece. Não são estranhos, melhor dizendo. Trata-se de ti. Mesmo assim me aborrece porque eu não sei absolutamente nada sobre você. Te desvendo aos poucos nos míseros segundos de palavras trocadas que desfrutamos juntos. Confesso, então, que me sinto incomodada com alguma delas, estas aos quais me dizem tudo e nada. Com significados múltiplos que entretem meus pensamentos, com ilusões, sarcasmos, esperanças. E eu busco nelas o significado deste teu presente, misterioso pra mim. Pra mim que nunca fiz parte da tua vida, até então. Mas são só palavras, não são?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Interesse

Dois passos ao teu lado em um curto trajeto e aqui estou eu de novo pra falar sobre ti. Este teu interesse desinteressado pela minha pessoa que me agride de uma forma irracional, não me convence de nada. Só me faz criar coisas sem sentido. Reflito sobre cada um dos teus dizeres que soam mais como desculpas, como se quisesses, em outras palavras, dizer "não, muito obrigada". E então indago, querendo tentar programar uma nova atitude que não soe como um insulto. Algo muito forte em mim me prende em você, na expectativa de descobrir o que se passa no teu pensamento. Se em algum fio de tempo ousou pensar em meu nome. Isso é neurótico demais, já que eu não te conheço. É uma obscessão psicopata que só vai terminar quando eu realmente descobrir o que eu preciso, sobre mim. Ou então, ouvir da sua boca o "não" indesejado. E enquanto esse caminho e o tempo se entrelaçam com a gente, eu vivo na oscilação: movimento periódico em que o móvel descreve a trajetória ora num, ora noutro sentido, como é o caso do pêndulo afastado de sua posição de equilíbrio estável e abandonado.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Descrição

E meu medo é mergulhar fundo nisso. Sem ao menos olhar para os lados e perceber se há algum sinal. Mergulhar nessas profundezas onde o oxigênio é escasso e a pressão te aperta demais o peito. Você sente-se sufocado, mas ao mesmo tempo isso tudo é fascinante. Vicia. Pra mim e pra você. Aquele nosso beijo ardido, que arrepia e se intensifica a cada instante que mantemos nossos lábios unidos pelo calor do nosso corpo que se espalha, atinge o coração como uma chama de fogo, fazendo-o pulsar sem ritmo, desgovernado como se você possuísse todas as sensações ao mesmo tempo. Ele ainda explodirá assim. Eu quero sentir outra vez o olhar fundo dos teus olhos, ouvir o tom suave e afinado da tua voz que parece uma melodia aos meus ouvidos, sentir o cheiro da tua pele perto de mim, esse contato delicioso que eu não consigo descrever. Tocar sua pele macia e contornar teu rosto com meus dedos, como estivesse te desenhando só pra mim. Mas eu gostaria de conseguir caminhar em paz, sem derramar lágrimas sofridas ou começar a congelar meu coração, caso eu descobrisse que não existirá mais nada entre nós.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A real

(...)
É muito tempo, e são apenas letras.
É muita saudade, pra um pedaço de papel.
É nada de poesia, pra uma vida toda.
É um sinal de alegria, aos que nos dão as costas.
É um bosque virgem, perto de suas flores compradas...
É uma verdade dita, a frente de boatos manjados.
É dois amores, e não um só.
Não SÃO amores, pois não se pode repartir.
Não se deve separar.
É a marca de nascença, no pescoço de uma criança de rua.
É uma obra de arte, e não apenas uma gravura.
A desgraça do significado que só faz sentido, a quem o sente...